Prevenção da violência pela segurança privada
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema "Prevenção da violência pela segurança privada", apresentando proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
TEXTO I
Panorama da segurança privada no Brasil
Segundo dados do Estudo do Setor da Segurança Privada elaborado pela Federação Nacional das Empresas de Segurança e Transporte de Valores (Fenavist), o número de empresas de segurança privada no Brasil saltou de 1.491 em 2010 para 2.694 em 2018 – um aumento de 80,6%. O faturamento do setor no ano passado foi de R$33,7 bilhões. Atualmente, o Brasil tem mais segurança privado – 553 mil trabalhadores – do que policiais militares – 480 mil.
90,3% dos trabalhadores do setor são homens, 69,9% com ensino médio completo e com a faixa salarial média de R$2.139. Muitos são policiais exonerados ou policiais que atuam no setor privado para complementar sua renda.
Por lei, seguranças privados têm tanta prerrogativa para coibir um delito quanto outros cidadãos – portanto, se houver algum flagrante, a polícia deve ser acionada. Estes casos não são isolados e nos revelam a perpetuação da violência na segurança privada no Brasil, permeada por um senso de punitivismo arraigado no histórico brasileiro.
“Tem uma permissibilidade cultural, desde sempre, voltada para corpos negros. Tolerância zero, maltrata mesmo ‘para dar exemplo’, para que no bairro todo mundo saiba que naquele supermercado não se rouba. São policiais ou ex-policiais, às vezes expulsos da Força”, comenta Henrique Apolinário, da ONG Conectas Direitos Humanos.
https://www.sincovaga.com.br/os-poroes-de-supermercados-a-violencia-da-seguranca-privada-no-brasil/
TEXTO II
Com o pressuposto de proteger, a segurança privada no Brasil muitas vezes faz justamente o contrário.
É o mercado clandestino, com seus profissionais sem certificação - não raro policiais fazendo "bicos" ilegalmente - e a falta de fiscalização, inclusive do mercado formal, que levam a crimes e casos abusivos de força física.
Para João Alberto Silveira Freitas, conhecido como Beto Freitas, homem negro de 40 anos que fazia compras em um Carrefour de Porto Alegre na semana passada, isso lhe custou a vida. Dois seguranças - um deles era PM temporário - o espancaram e mataram. Foram presos em flagrante.
A atividade é fiscalizada pela Polícia Federal, mas especialistas concordam que a instituição não tem capacidade de fiscalização necessária. Há centenas de empresas especializadas e registradas para oferecer a atividade. As outras, não registradas, parte do enorme mercado clandestino que existe, não têm fiscalização alguma.
Um exército de 545 mil vigilantes estavam ativos em 2020, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública deste ano, com mais de 90% deles homens.
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-55060353
TEXTO III
Tortura e policiais no controle
Em franca expansão, o setor tem sido, não de hoje, alvo de denúncias que apontam um comportamento violento dos agentes. No dia 2 de setembro deste ano, se tornou público um vídeo que mostra um segurança do Ricoy Supermercados, em São Paulo, chicoteando um adolescente de 17 anos, negro, por ter tentado roubar chocolate.
Dois dias depois, outras imagens reveladas pelo Brasil de Fato, mostram vigilantes do Ricoy torturando psicologicamente uma criança. “Você vai ficar em uma cela cheio de moleques da sua idade, ou mais velho, tem uns lá que gostam de abusar de outro moleque. Olha que legal. Tem uns que vão te dar uma surra bem dada. Olha que legal”, afirma o segurança para o menino. Nas fotos, um homem aparece amarrado e chicoteado.
Um outro vídeo mostra um homem sendo torturado na unidade Morumbi do Extra Hipermercados, zona sul da capital paulista. Nas imagens, o vigilante, assistido por dois funcionários do comércio, aplica choques nas extremidades do corpo de um sujeito que é acusado de tentar furtar carnes.
Em fevereiro de 2017, João Vitor, um menino de 13 anos, morreu após ser agredido por seguranças da unidade do restaurante Habib’s na Vila Nova Cachoeirinha, bairro da zona norte de São Paulo. Imagens mostram que o menino, após ser atacado, é arrastado pelo chão e tem suas roupas arrancadas pela força dos puxões.
Para especialistas, a explicação para a violência empregada por vigilantes de empresas de segurança pode estar na origem desses empreendimentos. “Quem são os donos dessas empresas de segurança? Os policiais. Eles são os donos e mão de obra dessas empresas. Inclusive, durante o próprio horário de trabalho, eles atuam como segurança privada e eu estou convencido que isso tende a piorar”, afirma Ramos.
https://www.redebrasilatual.com.br/politica/2019/09/ricoy-extra-e-habibs-a-violencia-da-seguranca-privada-no-brasil/