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Redações Enem Nota 1000 de 2020: O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira

Redações Nota 1000 no Enem sobre o tema O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira

Redações Enem Nota 1000 de 2020

O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira

01. Sofia Vale

No livro “O papel de parede amarelo”, é narrada a história de uma mulher que passa a apresentar uma constante tristeza e, por isso, isola-se do convívio social. Contudo, esses sinais de má saúde mental são ignorados pelo marido da personagem, resultando no desenvolvimento de uma condição psicológica incapacitante na protagonista. Fora da ficção literária, o drama descrito é comparável com a realidade de muitos brasileiros, os quais, ao apresentarem sintomas de doenças mentais, são discriminados pela sociedade, em razão do estigma que associa seu sofrimento à fraqueza ou à anormalidade. Nesse sentido, é pertinente destacar o desconhecimento do tema como causa e o agravamento de problemas de saúde como consequência dessa problemática.

Inicialmente, deve-se entender que a associação entre má saúde mental e fraqueza, estigma muito comum no Brasil, é resultado do desconhecimento acerca do funcionamento da mente humana. Em razão desse desconhecimento, muitos propagam a ideia de que desentendimento familiar, frustração em relacionamentos amorosos e dificuldade de adaptação aos padrões sociais não são justificativas para o abatimento emocional, julgando como escolha da pessoa afetada a permanência em suas dificuldades. Todavia, tal ideia desconsidera que não são preocupantes apenas as patologias medicáveis, mas também a dificuldade em lidar com desafios cotidianos, os quais, mesmo parecendo simples para alguns indivíduos, podem ser sérios para outros. Dessa forma, o contexto brasileiro pode ser sintetizado pela seguinte frase do poeta alemão Goethe: “Não há nada mais assustador que a ignorância em ação”, porquanto ignorância em relação aos sentimentos do outro tem efeitos assustadores na saúde dos cidadãos.

Consequentemente, todo esse estigma associado à saúde mental resulta no encobrimento das emoções de muitos brasileiros, o que retarda ou impede o tratamento de suas patologias e agrava seus problemas. Isso se explica pela vergonha de sua condição psicológica, pudor motivado pelo rótulo de fraqueza -em casos de depressão ou de estresse - ou de anormalidade - em casos de bipolaridade e de esquizofrenia, por exemplo. A partir dessa pressão social, muitas pessoas, ao se privarem de ajuda médica, podem atingir situações extremas como a necessidade de internação ou o suicídio, problemática crescente no país. Assim, fica evidente que o suicídio pode ser evitado por meio do combate ao estigma associado a doenças psicológicas, pois, segundo a OMS, ele é causado, em 90% dos casos, por transtornos mentais, sendo urgente a mudança do quadro nacional supracitado.

Portanto, cabe ao Ministério da Saúde, por meio de parceria com as escolas, desenvolver um programa de assistência e informação relacionado a doenças mentais, disponibilizando cartilhas que ajudem os estudantes a entender os sinais de má saúde psicológica, a fim de combater a ideia de que ela é sinônimo de fraqueza ou anormalidade. Esse mesmo ministério deve, também, desenvolver campanhas, em universidades e repartições públicas, que incentivem a procura de profissionais da saúde mental em casos de transtorno, a fim de evitar o suicídio. Somente assim, a história dos brasileiros com doenças mentais será diferente da narrada em “O papel de parede amarelo."


02. Ramon Ribeiro

Promulgada pela ONU em 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos garante a todos os cidadãos o direito ao respeito e ao bem-estar social. No entanto, percebe-se que esse pressuposto não é empregado adequadamente no país, em razão do estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira, o que configura um problema a ser resolvido. Com efeito, há de se examinar não somente a inoperância governamental no que tange ao tratamento dos transtornos mentais, mas também a falta de comprometimento das instituições de ensino como fatores ligados à problemática em questão.

Em primeira análise, vale salientar que a negligência estatal influencia consideravelmente no combate às doenças mentais. Sob esse viés, o filósofo iluminista John Locke desenvolveu o conceito de Contrato Social, em que o Estado seria responsável pelo bem-estar coletivo. Entretanto, a máquina administrativa rompe a tese de Locke, uma vez que não proporciona o investimento em programas que tencionem os tratamentos necessários às pessoas que possuem doenças mentais. Nessa lógica, ainda que o artigo 196 da Constituição Federal assegure a saúde e o acesso aos serviços e ações que a promovam, o Poder Público inoperante não proporciona o pleno desenvolvimento dos cidadãos acometidos por essas enfermidades pela escassez de aplicações financeiras nos projetos, acentuando o impasse, que precisa ser mitigado.

Em segunda análise, cabe ressaltar que a ausência de participação escolar em desconstruir os paradigmas relacionados às doenças mentais constitui um agravamento desses entraves. Embora a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional assevere um ensino pautado na tolerância e valorize as relações além das salas de aula, nota-se que essa prerrogativa não é devidamente praticada nas instituições de ensino. Nessa perspectiva, a carência de uma aprendizagem direcionada à diminuição de estigmas associados às doenças psiquiátricas intensifica o problema no corpo social. Prova disso, cita-se a exiguidade de planos pedagógicos, feiras instrutivas e mesas-redondas nas escolas que visem a amenização do preconceito às doenças mentais. Logo, uma intervenção torna-se substancial para conter os desafios do quadro hodierno.

Portanto, é fundamental a atenuação do estigma associado aos transtornos psíquicos. Nesse sentido, o Ministério da Saúde deve realizar aplicações financeiras nos programas de tratamento das doenças mentais, por meio da elaboração, votação e sanção de uma Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que destine o montante básico aos projetos, periodicamente, para se certificar do investimento neles. Ademais, compete ao MEC –no exercício de seu papel constitucional- viabilizar o comprometimento das escolas com o intuito de desconstruir os paradigmas sociais acerca das doenças psiquiátricas, mediante debates ao longo do ano letivo, sequências didáticas e discussões temáticas entre alunos e o corpo docente. Dessa forma, a sociedade brasileira pode desfrutar do respeito e do bem-estar social, previsto na Declaração Universal dos Direitos Humanos.


03. Isabella Gadelha

"Nise da Silveira foi uma renomada psiquiatra brasileira que, indo contra a comunidade médica tradicional da sua época, lutou a favor de um tratamento humanizado para pessoas com transtornos psicológicos. No contexto nacional atual, indivíduos com patologias mentais ainda sofrem com diversos estigmas criados. Isso ocorre, pois faltam informações corretas sobre o assunto e, também, existe uma carência de representatividade desse grupo nas mídias.

Primariamente, vale ressaltar que a ignorância é uma das principais causas da criação de preconceitos contra portadores de doenças psiquiátricas. Sob essa ótica, o pintor holandês Vincent Van Gogh foi alvo de agressões físicas e psicológicas por sofrer de transtornos neurológicos e não possuir o tratamento adequado. O ocorrido com o artista pode ser presenciado no corpo social brasileiro, visto que, apesar de uma parcela significativa da população lidar com alguma patologia mental, ainda são propagadas informações incorretas sobre o tema. Esse processo fortalece a ideia de que integrantes não são capazes de conviver em sociedade, reforçando estigmas antigos e criando novos. Dessa forma, a ignorância contribui para a estigmatização desses indivíduos e prejudica o coletivo.

Ademais, a carência de representatividade nos veículos midiáticos fomenta o preconceito contra pessoas com distúrbios psicológicos. Nesse sentido, a série de televisão da emissora HBO, "Euphoria", mostra as dificuldades de conviver com Transtorno Afetivo Bipolar (TAB), ilustrado pela protagonista Rue, que possui a doença. A série é um exemplo de representação desse grupo, nas artes, falando sobre a doença de maneira responsável. Contudo, ainda é pouca a representatividade desses indivíduos em livros, filmes e séries, que quando possuem um papel, muitas vezes, são personagens secundários e não há um aprofundamento de sua história. Desse modo, esse processo agrava os esteriótipos contra essas pessoas e afeta sua autoestima, pois eles não se sentem representados.

Portanto, faz-se imprescindível que a mídia - instrumento de ampla abrangência - informe a sociedade a respeito dessas doenças e sobre como conviver com pessoas portadoras, por meio de comerciais periódicos nas redes sociais e debates televisivos, a fim de formar cidadãos informados. Paralelamente, o Estado - principal promotor da harmonia social - deve promover a representatividade de pessoas com transtornos mentais nas artes, por intermédio de incentivos monetários para produzir obras sobre o tema, com o fato de amenizar o problema. Assim, o corpo civil será mais educado e os estigmas contra indivíduos com patologias mentais não serão uma realidade do Brasil."


04. Aécio Fernandes

Manoel de Barros, grande poeta pós-modernista, desenvolveu em suas obras uma “teologia do traste”, cuja principal característica reside em dar valor às situações frequentemente esquecidas ou ignoradas. Segundo a lógica barrosiana, faz-se preciso, portanto, valorizar também a problemática das doenças mentais no Brasil, ainda que elas sejam estigmatizadas por parte da sociedade. Nesse sentido, a fim de mitigar os males relativos a essa temática, é importante analisar a negligência estatal e a educação brasileira.

Primordialmente, é necessário destacar a forma como parte do Estado costuma lidar com a saúde mental no Brasil. Isso porque, como afirmou Gilberto Dimenstein, em sua obra “Cidadão de Papel”, a legislação brasileira é ineficaz, visto que, embora aparente ser completa na teoria, muitas vezes, não se concretiza na prática. Prova disso é a escassez de políticas públicas satisfatórias voltadas para a aplicação do artigo 6 da “Constituição Cidadã”, que garante, entre tantos direitos, a saúde. Isso é perceptível seja pela pequena campanha de conscientização acerca da necessidade a saúde mental, seja pelo pouco espaço destinado ao tratamento das doenças mentais nos hospitais. Assim, infere-se que nem mesmo o princípio jurídico foi capaz de garantir o combate ao estigma relativo a doenças psíquicas.

Outrossim, é igualmente preciso apontar a educação, nos moldes predominantes no Brasil, como outro fator que contribui para a manutenção do preconceito contra as doenças psiquiátricas. Para entender tal apontamento, é justo relembrar a obra "Pedagogia da Autonomia", do patrono da educação brasileira, Paulo Freire, na medida em que ela destaca a importância das escolas em fomentar não só o conhecimento técnico-científico, mas também habilidades socioemocionais, como respeito e empatia. Sob essa ótica, pode-se afirmar que a maioria das instituições de ensino brasileiras, uma vez que são conteudistas, não contribuem no combate ao estigma relativo às doenças mentais e, portanto, não formam indivíduos da forma como Freire idealiza.

Frente a tal problemática, faz-se urgente, pois, que o Ministério Público, cujo dever, de acordo com o artigo 127 da "Constituição Cidadã", é garantir a ordem jurídica e a defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis, cobre do Estado ações concretas a fim de combater o preconceito às doenças mentais. Entre essas ações, deve-se incluir parcerias com as plataformas midiáticas, nas quais propagandas de apelo emocional, mediante depoimentos de pessoas que sofrem esse estigma, deverão conscientizar a população acerca da importância do respeito e da saúde mental. Ademais, é preciso haver mudanças escolares, baseadas no fomento à empatia, por meio de debates sobre temas socioemocionais.


05. Nathaly Nobre

A obra cinematográfica brasileira “Nise: O Coração da Loucura” retrata a luta de Nise da Silveira pela redução dos estigmas nas alas psiquiátricas e nas formas de tratamento enfrentadas por pacientes com enfermidades mentais, na medida em que desumanizavam estes. Nesse contexto, é evidente a perpetuação do preconceito em relação às doenças psíquicas, pois são, em sua maioria, menosprezadas e omitidas no cenário moderno do Brasil. Assim, faz-se necessário investir em educação voltada à questão da saúde mental, bem como romper com paradigmas da forma de vida contemporânea.

A princípio, sob a óptica do filósofo grego Aristóteles, a educação é um caminho fundamental para a formação da vida pública, à proporção que coopera para o bem-estar da cidade. Diante dessa perspectiva, a manutenção da estrutura deficitária da propagação de conteúdo de saúde mental, na sociedade brasileira, agrava o desenvolvimento de doenças psíquicas, visto que retira do cidadão o acesso ao conhecimento. Portanto, a não ministração de aulas e de eventos os quais abordem sobre essa temática promove, lamentavelmente, a disseminação de tabus falaciosos e a redução da busca por tratamento adequado - ao passo que o crescimento das enfermidades é avassalador.

Além disso, o modo de vida extremamente exaustivo atual é catalisador da problemática, uma vez que nega o cultivo das práticas do autocuidado em prol do máximo rendimento. De maneira análoga, de acordo com Byung-Chul Han, filósofo sul-coreano, em seu ensaio “Sociedade do cansaço”, vive-se a insana procura do ser humano pela alta produtividade em quaisquer meios, mesmo que retire dele os prazeres e a sanidade física e mental. Destarte, há a banalização do aspecto psíquico, porquanto é visto como desnecessário na vivência hodierna e, por conseguinte, a ansiedade e a depressão são absurdamente neutralizadas em razão das poucas políticas públicas incentivadoras e conscientizadoras.

Logo, cabe ao Ministério da Educação o investimento em aulas específicas sobre a saúde mental, por meio de Planos Nacionais da Educação e de eventos tanto escolares quanto ao grande público, haja vista a importância do máximo alcance possível, com a ministração de psicólogos e psiquiatras, a fim de garantir a visão aristotélica e de romper com os tabus preconceituosos. Ademais, o Estado deve promover políticas públicas de incentivo ao autocuidado, a exemplo de espaços destinados ao convívio humano e ao bem-estar, com o fito de quebrar com os paradigmas vivenciados por Nise da Silveira.


06. Larissa Cunha

Na obra “O Alienista”, o autor Machado de Assis aborda a questão das doenças mentais, já no período do Realismo literário - século XIX, - por meio do personagem Doutor Bacamarte. No enredo, nota-se o empenho do protagonista de aprisionar os diagnosticados na “Casa Verde”, local que se assemelha aos manicômios, na tentativa de isolá-los da sociedade. Apesar do ínterim entre a publicação do livro e o contexto hodierno, percebe-se que as doenças de cunho psíquico ainda são estigmatizadas no Brasil. Nesse viés, torna-se crucial analisar as causas desse revés, dentre as quais se destacam a omissão do Estado e o preconceito da sociedade.

De início, é imperioso notar que a indiligência do governo potencializa os estigmas associados às doenças mentais. Depreende-se que, na obra “Os Bruzundangas”, o pré-modernista Lima Barreto já expunha que a ausência das garantias constitucionais estava no âmago das problemáticas daquela nação. Sob essa ótica, sua tentativa de criar um país fictício com os mesmos entraves do Brasil é ratificada, sobretudo no que tange ao precário engajamento estatal para com as doenças mentais, uma vez que a saúde é um direito previsto pela Constituição Cidadã e tal cláusula não é garantida de forma efetiva. Isso ocorre devido ao caráter esporádico de campanhas de conscientização a respeito da necessidade do diagnóstico e do tratamento das enfermidades psíquicas, que se apresentam restritas aos meses de destaque ao combate da depressão e do suicídio, por exemplo. Por conseguinte, parte substancial dos brasileiros ainda percebe as doenças mentais como estigma, o que contribui para a ínfima busca por tratamento. Destarte, fica nítido que a negligência do Estado dificulta a atenuação dos problemas relativos às enfermidades psíquicas.

Ademais, é justo perceber que o preconceito da sociedade contribui para o estigma associado às doenças mentais. De acordo com a autora Daniela Arbex, em sua obra “Holocausto Brasileiro”, o tratamento das pessoas com doença mental no hospital "Colônia" era semelhante ao massacre dos campos de concentração do regime nazista, principalmente pela perda da dignidade humana. Nesse sentido, é possível inferir que, mesmo após o fechamento desse centro de saúde, o caráter documental do livro ainda ilustra o modo como a sociedade brasileira lida com a população vítima das enfermidades psíquicas, visto que a marginalização dos doentes mentais ainda é uma tônica no país. A gênese desse quadro encontra-se no modo errôneo com que boa parte dos cidadãos lidam com tais patologias, vide sua descaracterização como verdadeiras e sérias doenças. Em decorrência disso, muitas pessoas marginalizam os diagnosticados com doenças como o transtorno bipolar e a ansiedade, tratando-os de forma desrespeitosa. Dessa forma, a mudança do comportamento social é vital para atenuar o legado de massacre dos doentes mentais que ocorrera no hospital "Colônia".

Torna-se evidente, portanto, que o estigma associado às enfermidades mentais ocorre devido à omissão do governo e ao preconceito da sociedade. Para contornar esse problema, caberá à União o estímulo ao tratamento, por meio do maior repasse de verbas aos postos de saúde, as quais serão destinadas para a realização de campanhas, em todo o decorrer dos anos, que abordem como tema principal a necessidade do combate às doenças mentais. Essa medida tem o afã de tornar efetivo o tratamento das doenças psíquicas. Outrossim, é dever do Ministério da Educação coibir o preconceito, por intermédio do aprimoramento da Lei de Diretrizes e Bases, que incluirá a disciplina "Cidadania" na grade escolar, com o fito de formar jovens engajados com a causa e, com isso, banir a marginalização. Assim, finalmente, criar-se-á um Brasil livre das heranças do Realismo no tratamento para com a sua população doente."


07. Aline Soares Alves

O Filme O Coringa retrata a história de um homem que possui uma doença mental e, por não possuir atendimento psiquiátrico adequado, ocorre o agravamento do seu quadro clínico. Com essa abordagem, a obra revela a importância da saúde psicológica para um bom convívio social. Hodiernamente, fora da ficção, muitos brasileiros enfrentam situação semelhante, o que colabora para a piora da saúde populacional e para a persistência do estigma relacionado à doença psicológica. Dessa forma, por causa da negligência estatal, além da desinformação populacional, essas consequências se agravam na sociedade brasileira.

Em primeiro lugar, a negligência do Estado, no que range à saúde mental, é um dos fatores que impedem esse processo. Nessa perspectiva, a escassez de projetos estatais que visem à assistência psiquiátrica na sociedade contribui para a precariedade desse setor e para a continuidade do estigma envolvendo essa temática. Dessa maneira, parte da população deixa de possuir tratamento adequado, o que resulta na piora de sua doença mental e na sua exclusão social. No entanto, apesar da Constituição Federal de 1988 determinar como direito fundamental do cidadão brasileiro o acesso à saúde de qualidade, essa lei não é concretizada, pois não há investimentos estatais suficientes nessa área. Diante dos fatos apresentados, é imprescindível uma ação do Estado para mudar essa realidade.

Nota-se, outrossim, que a desinformação na sociedade é outra problemática em relação ao estigma acerca dos distúrbios mentais. Nesse aspecto, devido à escassez da divulgação de informações nas redes midiáticas sobre a importância da identificação e do tratamento das doenças psicológicas, há a relativização desses quadros clínicos na sociedade. Desse modo, assim como é retratado no filme O Lado Bom da Vida, o qual mostra a dificuldade da inclusão de pessoas com doenças mentais na sociedade, parte da população brasileira enfrenta esse desafio. Com efeito, essa parcela da sociedade fica à margem do convívio social, tendo em vista a prevalência do desrespeito e do preconceito na população. Nesse cenário, faz-se necessária uma mudança na postura das redes midiáticas.

Portanto, vistos os desafios que contribuem para o estigma associado aos transtornos mentais, é mister uma atuação governamental para combatê-los. Diante disso, o Ministério da Saúde deve intensificar a criação de atendimentos psiquiátricos públicos, com o objetivo de melhorar a saúde mental da população e garantir o seu direito. Para tal, é necessário um direcionamento de verbas para a contratação dos profissionais responsáveis pelo projeto, a fim de proporcionar uma assistência de qualidade para a sociedade. Além disso, o Ministério de Comunicações deve divulgar informações nas redes midiáticas sobre a importância do respeito às pessoas com doenças psicológicas e da identificação precoce desses quadros. Mediante a essas ações concretas, a realidade do filme O Coringa tão somente figurará nas telas dos cinemas.


08. Ingrid Bascef

Na obra “Quincas Borba”, de Machado de Assis, é mencionada a trajetória de Rubião que, após receber grande herança e atrair vários amigos, é acometido por uma enfermidade mental, fazendo com que seus conhecidos se afastassem e que fosse abandonado em um hospital psiquiátrico. Fora da ficção, o estigma associado às doenças mentais também é presente na sociedade brasileira, haja vista que muitos indivíduos com transtornos dessa ordem são excluídos da sociedade e que muitas pessoas com sintomas de desequilíbrio mental não buscam ajuda.

Em primeiro lugar, é relevante destacar que o estigma associado às doenças mentais faz com que as pessoas acometidas por essas enfermidades sejam excluídas do meio social. Nesse sentido, Nise da Silveira, médica psiquiatra, revelou que muitas famílias se envergonham por terem um ente com transtornos mentais e optam por o deixar, de forma vitalícia e quase sem visitas, em hospitais especializados. Desse modo, o preconceito com doenças mentais na sociedade brasileira gera a ocultação, em clínicas médicas, das pessoas que não se enquadram dentro de um perfil esperado de normalidade, engendrando a exclusão social.

Ademais, o estigma e a falta de informação sobre doenças mentais fazem com que muitos indivíduos, com sintomas dessas patologias, não busquem ajuda especializada. Nesse contexto, pesquisas aventadas pela Organização Mundial de Saúde revelaram que menos da metade das pessoas com os primeiros sinais de transtornos, como pânico e depressão, procura ajuda médica por temer julgamentos e invalidações. Assim, o preconceito da sociedade brasileira com as doenças mentais faz jus com que a busca por tratamento, por parte dos doentes, seja evitada, aumentando, ainda mais, o índice de brasileiros debilitados por essas mazelas.

Portanto, é necessário que o Estado, em conjunto com o Ministério da Saúde, informem a população sobre a que são, de fato, as doenças mentais e a importância do tratamento para que o estigma associado a eles finde. Tal tarefa será realizada por meio de expansivas campanhas publicitárias nos veículos de comunicação em massa, como a internet e a televisão, com profissionais de saúde especializados no assunto, o que fará com que o povo brasileiro seja elucidado sobre essas patologias rapidamente. Sendo assim, episódios de abandono e preconceito associados a transtornos mentais, como o de Rubião, estarão apenas nos livros.


09. Isabela Alves Saraiva de Sousa

A Organização Mundial da Saúde trouxe, para a atualidade, um conceito ampliado de saúde, o qual abrange a promoção de uma vida saudável não só por meio do corpo físico, como também por meio da integridade psicológica. Contudo, apresar da importância dessa atualização, ainda existe um forte estigma associado às doenças mentais, o qual também se reverbera no contexto brasileiro. Sobre esse enfoque, destacam-se aspectos sociais e profissionais. Assim, medidas são imprescindíveis para sanar tal impasse.

Primordialmente, deve-se pontuar que aqueles que possuem algum tipo de transtorno psicológico são, normalmente, os primeiros a reafirmarem um juízo de valor negativo com relação à sua própria saúde. Nesse aspecto, evidencia-se que, na sociedade brasileira, existe um notório construto de naturalização dos sintomas indicadores de problemas psíquicos, o que desencoraja a busca por auxílio médico. Nesse viés, pode-se analisar o olhar sob a perspectiva da filósofa Simone de Beauvoir. De acordo com sua análise, mais escandalosa que a existência de uma problemática é o fato de a sociedade se habituar a ela. Ao traçar um paralelo com a temática das doenças psiquiátricas, aponta-se que os indícios da existência de um problema de ordem mental são comumente vistos como frescura e, assim, são normalizados. Dessa maneira, torne-se uma realidade a resistência à busca por ajuda psicológica e, consequentemente, a associação de estigmas às doenças mentais.

Em segunda análise, é importante frisar que, no Brasil, é evidente a estigmatização de pessoas com doenças psíquicas no âmbito trabalhista. Nesse sentido, esse público é, não raro, excluído do mercado de trabalho, devido ao discurso de que são incapazes de exercer as atividades profissionais. Nessa senda, é possível mencionar o sociólogo Herbert Spencer, autor da teoria do Darwinismo Social. Consoante sua abordagem, as pessoas mais adaptadas socialmente – no caso, as que possuem a saúde psicológica íntegra – tendem a conquistar e a permanecer nas posições privilegiadas do corpo social. Em posse desse discurso excludente, muitos empregadores justificam a lamentável prática do capacitismo no cenário empregatício. Dessa forma, reforçam-se, cada vez mais, estigmas negativos atrelados à imagem dessa parcela social.

Em suma, ainda persiste, no Brasil, a estigmatização das doenças mentais. Logo, o Ministério da Saúde – responsável por efetivar processos relacionados à saúde pública no país – deve atuar diretamente na desconstrução do imaginário de que problemas psicológicos são normais ou frescura, ao veicular, nos meios de comunicação de massa, campanhas educativas que abordem a importância de procurar ajuda psicológica. Além disso, é necessário que o Poder Legislativo – a quem cabe a função de criar normas – elabore uma lei de cotas para pessoas com transtornos mentais, por meio de Emenda Constitucional. Com essas medidas, objetiva-se liquidar efetivamente o problema do estigma associado a doenças mentais. Desse modo, a atualização do conceito de saúde realizada pela OMS será consolidada no contexto brasileiro.


10. Júlia Sampaio

No filme estadunidense “Coringa”, o personagem principal, Arthur Fleck, sofre de um transtorno mental que o faz ter episódios de riso exagerado e descontrolado em público, motivo pelo qual é frequentemente atacado nas ruas. Em consonância com a realidade de Arthur, está a de muitos cidadãos, já que o estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira ainda configura um desafio a ser sanado. Isso ocorre, seja pela negligência governamental nesse âmbito, seja pela discriminação dessa classe por parcela da população verde-amarela. Dessa maneira, é imperioso que essa chaga social seja resolvida, a fim de que o longa norte-americano se torne apenas uma ficção.

Nessa perspectiva, acerca da lógica referente aos transtornos da mente no espectro brasileiro, é válido retomar o aspecto supracitado quanto à omissão estatal nesse caso. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o Brasil é o país com maior número de casos de depressão da América Latina e, mesmo diante desse cenário alarmante, os tratamentos às doenças mentais, quando oferecidos, não são, na maioria das vezes, eficazes. Isso acontece pela falta de investimentos em centros especializados no cuidado para com essas condições.

Consequentemente, muitos portadores, sobretudo aqueles de menor renda, não são devidamente tratados, contribuindo para sua progressiva marginalização perante o corpo social. Esse contexto de inoperância das esferas de poder exemplifica a teoria das Instituições Zumbis, do sociólogo Zygmunt Bauman, buque as descreve como presentes na sociedade, mas que não cumprem seu papel com eficácia. Desse modo, é imprescindível que, para a completa refutação da teoria do estudioso polonês, essa problemática seja revertida.

Paralelamente ao descaso das esferas governamentais nessa questão, é fundamental o debate acerca da aversão ao grupo em pauta, uma vez que ambos representam impasses para a completa socialização dos portadores de transtornos mentais. Esse preconceito se dá pelos errôneos ideais de felicidade disseminados na sociedade como metas universais. Entretanto, essas concepções segregam os indivíduos entre os “fortes” e os “fracos”, em que os fracos, geralmente, integram a classe em discussão, dado que não atingem os objetivos estabelecidos, tal como a estabilidade emocional. Tal conjuntura segregacionista contrária o princípio do “Espaço Público”, da filósofa Hannah Arendt, que defende a total inclusão dos oprimidos — aqueles que possuem algum tipo de transtorno, nesse caso — na teia social. Dessa maneira, essa celeuma urge ser solucionada, para que o princípio da alemã se torne verdadeiro no país tupiniquim.

Portanto, são essenciais medidas operantes para a reversão do estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira. Para isso, compete ao Ministério da Saúde investir na melhora da qualidade dos tratamentos a essas doenças nos centros públicos especializados de cuidado, destinando mais medicamentos e contratando, por concursos, mais profissionais da área, como psiquiatras e enfermeiros. Isso deve ser feito por meio de recursos liberados pelo Tribunal de Contas da União — órgão que aprova e fiscaliza feitos públicos—, com o fito de potencializar o atendimento a esses pacientes e oferecê-los um tratamento eficaz. Ademais, palestras devem ser realizadas em espaços públicos sobre os malefícios das falsas concepções de prazer e da importância do acolhimento das pessoas doentes e vulneráveis. Assim, os ideais inalcançáveis não mais serão instrumentos segregadores e, finalmente, a situação de Fleck não mais representará a dos brasileiros.


11. Maria Júlia Passos

A obra “Holocausto Brasileiro”, da escritora e jornalista Daniela Arbex, retrata as péssimas condições do maior hospital psiquiátrico do país, na cidade de Barbacena. Nesse livro, os pacientes são tratados por meio de métodos arcaicos e invasivos, desde agressões até choques elétricos, demonstrando a violência sofrida por indivíduos portadores de transtornos psíquicos. Assim, além de expor os abusos do sistema de saúde da época, o texto também é atual, uma vez que o preconceito e a omissão estatal perpetuam o estigma associado às doenças mentais.

Em primeiro lugar, cabe ressaltar que a desinformação da sociedade brasileira é o principal catalisador da discriminação. De fato, o avanço da tecnologia é responsável pela rápida disseminação de notícias, principalmente no meio digital, mas isso não significa que os cidadãos se encontram mais conscientes. Dessa forma, mesmo que diversos estudos atuais comprovem a relevância dos cuidados para com a saúde mental e a legitimidade dos distúrbios psicológicos, os flagelos da intolerância ainda se mostram presentes. Consequentemente, os indivíduos com depressão, ansiedade e outras condições especiais convivem em um ambiente degradante, o qual é marcado por preconceitos e tabus estruturais, enfrentando constantemente a invisibilidade social. De acordo com a escritora nigeriana Chimamanda Adichie, a rotulação das pessoas através de certa característica física marcante é responsável pela criação de histórias únicas que não representam a realidade. Nesse viés, ao criar estigmas baseados no estereótipo de que pessoas com doenças mentais seriam inferiores ou incapazes, a sociedade míope alimenta uma visão eugenista e tóxica, limitando as diversas possibilidades de manifestação do ser humano e a importância da pluralidade.

Ademais, a ausência de compromisso do Estado para com a saúde mental dos cidadãos é outro ponto que fomenta a problemática. De certo, a falta de incentivos na área da psiquiatria e na acessibilidade é a realidade enfrentada no país, resultando nos diagnósticos tardios e na própria exclusão de uma parcela significativa da sociedade. Segundo o filósofo John Rawls, em sua obra “Uma teoria da justiça”, um governo ético é aquele que disponibiliza recursos financeiros para todos os setores públicos, promovendo uma igualdade de oportunidades a todos os cidadãos. Sob essa óptica, torna-se evidente que o Brasil não é um exemplo do pensamento desse teórico, visto que negligencia as dificuldades enfrentadas pelos portadores de doenças mentais, submetendo-os à periferia da cidadania.

Fica exposta, portanto, a necessidade de medidas para mitigar o estigma associado aos transtornos psíquicos. Destarte, as Secretarias de Educação devem desenvolver projetos nas escolas, por meio de palestras e de dinâmicas educativas, levando médicos e pacientes para debaterem sobre o preconceito enfrentado no cotidiano, uma vez que o depoimento individual sensibiliza os estudantes, com a finalidade de ultrapassar estereótipos negativos. Outrossim, o Ministério da Fazenda deve redistribuir as verbas, priorizando as áreas da psiquiatria e psicologia, direcionando maiores investimentos nesse setor negligenciado pelo Estado. Por fim, será possível criar um país mais democrático, afastando a realidade dos absurdos retratados na obra da escritora Daniela Arbex.

Redação nota 1.000 de Adrielly Clara Enriques, MG


12. Giovanna Benvenute

“Na série “Spin out” da Netflix, a mãe da personagem principal, Carol, sofre de bipolaridade, um transtorno que a faz ter episódios de obsessão com suas filhas que lutam para esconder a realidade da mãe por deslustre e medo dos estigmas relacionados às doenças mentais empregados na sociedade. Fora da ficção, é fato que a realidade apresentada na série é retratada atualmente no Brasil, onde os cidadãos com psicopatologias preferem ocultar-se ao procurar tratamentos, por medo de julgamentos e pela falta de atendimento qualificado.

É relevante abordar, que durante 1903 foi fundado o hospital colônia de Barbacena, onde eram isolados os doentes mentais, que foram submetidos ao frio, a fome e doenças. Sendo submetidos a tortura, violência e posteriormente a morte. Sua última cela foi desativada em 1994, entretanto por infelicidade a exclusão de pacientes da psicopatia ocorre até os dias atuais. Esse panorama acontece porque a maioria dos governantes, grupos essenciais para a erradicação dos estigmas sociais referentes às doenças mentais, interessa-se, geralmente apenas pelo superficial, negligenciando a estipulação social em torno dos cidadãos. Mostra-se portanto, que a colossal exclusão relaciona-se com a deficiência informativa reproduzida no Brasil pelos seus governantes.

Outrossim, vale ressaltar que de acordo com o artigo sexto da constituição federal brasileira, a saúde é um direito humano de qualquer cidadão brasileiro. Nesse viés, o atendimento desqualificado bem como a falta de profissionais qualificados, impõe a quebra desses direitos, pois, os tratamentos para as doenças mentais são inacessíveis a maior parte de seus portadores. Destarte, constata-se que a falta atendimento qualificado, interfere na visão social sobre os portadores de psicopatologias ferindo os princípios constitucionais e impedindo a desestigmação das doenças mentais no Brasil.

Contudo, cabe aos Estados, por meio de leis e investimentos, com um planejamento adequado, estabelecer políticas públicas efetivas que erradiquem os estigmas associados a doenças mentais no Brasil. É de suma importância que as instituições educacionais promovam, por meio de campanhas de conscientização para os alunos e seus responsáveis informações sobre as doenças psíquicas, entendendo a importância de um tratamento indiferente no meio social com o intuito da interação social livre de estigmas no Brasil.”


13. Raíssa Piccoli

“De acordo com o filósofo Platão, a associação entre saúde física e mental seria imprescindível para a manutenção da integridade humana. Nesse contexto, elucida-se a necessidade de maior atenção ao aspecto psicológico, o qual, além de estar suscetível a doenças, também é alvo de estigmatização na sociedade brasileira. Tal discriminação é configurada a partir da carência informacional concatenada à idealização da vida nas redes sociais, o que gera a falta de suporte aos necessitados. Isso mostra que esse revés deve ser solucionado urgentemente.

Sob essa análise, é necessário salientar que fatores relevantes são combinados na estruturação dessa problemática. Dentre eles, destaca-se a ausência de informações precisas e contundentes a respeito das doenças mentais, as quais, muitas vezes, são tratadas com descaso e desrespeito. Essa falta de subsídio informacional é grave, visto que impede que uma grande parcela da população brasileira conheça a seriedade das patologias psicológicas, sendo capaz de comprometer a realização de tratamentos adequados, a redução do sofrimento do paciente e a sua capacidade de recuperação. Somada a isso, a veiculação virtual de uma vida idealizada também contribui para a construção dessa caótica conjuntura, pois é responsável pela crença equivocada de que a existência humana pode ser perfeita, isto é, livre de obstáculos e transtornos. Esse entendimento falho da realidade faz com que os indivíduos que não se encaixem nos padrões difundidos, em especial no que concerne à saúde mental, sejam vítimas de preconceito e exclusão. Evidencia-se, então, que a carência de conhecimento associada à irrealidade digitalmente disseminada arquitetam esse lastimável panorama.

Consequentemente, tais motivadores geram incontestáveis e sérios efeitos na vida dos indivíduos que sofrem de algum gênero de doença mental. Tendo isso em vista, o acolhimento insuficiente e a falta de tratamento são preocupantes, uma vez que os acometidos necessitam de compreensão, respeito e apoio para disporem de mais energia e motivação no enfrentamento dessa situação, além de acompanhamento médico e psicológico também ser essencial para que a pessoa entenda seus sentimentos e organize suas estruturas psicológicas de uma forma mais salutar e emancipadora. O filme “Toc toc” retrata precisamente o processo de cura de um grupo de amigos que são diagnosticados com transtornos de ordem psicológica, revelando que o carinho fraternal e o entendimento mútuo são ferramentas fundamentais no desenvolvimento integral da saúde. Mostra-se, assim, que a estigmatização de doentes mentais produz a escassez de elementos primordiais para que eles possam ser tratados e curados.


14. Julia Vieira

"No filme estadunidense “Coringa”, o personagem principal, Arthur Fleck, sofre de um transtorno mental que o faz ter episódios de riso exagerado e descontrolado em público, motivo pelo qual é frequentemente atacado nas ruas. Em consonância com a realidade de Arthur, está a de muitos cidadãos, já que o estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira ainda configura um desafio a ser sanado. Isso ocorre, seja pela negligência governamental nesse âmbito, seja pela discriminação desta classe por parcela da população verde-amarela. Dessa maneira, é imperioso que essa chaga social seja resolvida, a fim de que o longa norte-americano não mais reflita o contexto atual da nação.

Nessa perspectiva, acerca da lógica referente aos transtornos da mente, é válido retomar o aspecto supracitado quanto à omissão estatal neste caso. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o Brasil é o país que apresenta o maior número de casos de depressão da América Latina e, mesmo diante desse cenário alarmante, os tratamentos às doenças mentais, quando oferecidos, não são, na maioria das vezes, eficazes. Isso acontece pela falta de investimento público em centros especializados no cuidado para com essas condições. Consequentemente, muitos portadores, sobretudo aqueles de menor renda, não são devidamente tratados, contribuindo para sua progressiva marginalização perante o corpo social. Este quadro de inoperância das esferas de poder exemplifica a teoria das Instituições Zumbis, do sociólogo Zygmunt Bauman, que as descreve como presentes na sociedade, mas que não cumprem seu papel com eficácia. Desse modo, é imprescindível que, para a refutação da teoria do estudioso polonês, essa problemática seja revertida.

Paralelamente ao descaso das esferas governamentais nessa questão, é fundamental o debate acerca da aversão de parte dos civis ao grupo em pauta, uma vez que ambos são impasses para sua completa socialização. Esse preconceito se dá pelos errôneos ideais de felicidade disseminados na sociedade como metas universais. Entretanto, essas concepções segregam os indivíduos entre os “fortes” e os “fracos”, em que tais fracos, geralmente, integram a classe em discussão, dado que não atingem essas metas estabelecidas, como a estabilidade emocional. Por conseguinte, aqueles que não alcançam os objetivos são estigmatizados e excluídos do tecido social. Tal conjuntura segregacionista - os que possuem algum tipo de transtorno, nesse caso -- na teia social. Dessa maneira, essa problemática urge ser solucionada para que o princípio da alemã seja validado no país tupiniquim.

Portanto, são essenciais medidas operantes para a reversão do estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira. Para isso, compete ao Ministério da Saúde investir na melhora da qualidade dos tratamentos a essas doenças nos centros públicos especializados de cuidados, destinando mais medicamentos e contratando, por concursos, mais profissionais da área, como psiquiatras e enfermeiros. Isso deve ser feito por meio de recursos autorizados pelo Tribunal de Contas da União - órgão que opera feitos públicos - com o fito de potencializar o atendimento a esses pacientes e oferecê-los um tratamento eficaz. Ademais, palestras devem ser realizadas em espaços públicos sobre os malefícios das falsas concepções de prazer e da importância do acolhimento dos vulneráveis. Assim, os ideais inalcançáveis não mais serão instrumentos segregadores e, finalmente, a cotação de Fleck não mais representará a dos brasileiros."

Fonte: "Brasil Escola" e "G1"


Redação: UEG