O medo na contemporaneidade – Temos medo de sair de casa, de não ser aceito, de não ser aprovado, de ser aprovado, de ficar em casa. Estamos sempre com medo. Vivemos a era do medo. Como superar esse estado que se mostra uma condição atual?
Texto I
O Medo como Emoção
A discussão sobre o medo permite abordagens muito distintas. Delumeau (1989) expõe algumas das formas pelas quais podemos estudar essa emoção. O autor refere-se aos diferentes sentidos nos quais o medo pode ser estudado. Primeiro, conceitua o medo como uma emoção básica, como um componente básico da experiência humana.
Em um sentido estrito do termo, o medo é concebido como uma emoção-choque devido à percepção de perigo presente e urgente que ameaça a preservação daquele indivíduo. Provoca, então, uma série de efeitos no organismo que o tornam apto a uma reação de defesa como a fuga, por exemplo. Para Delpierre (1974), o medo pode provocar efeitos contrastados segundo os indivíduos e as circunstâncias, ou até reações alternadas em uma mesma pessoa: a aceleração dos movimentos do coração ou sua diminuição, uma respiração demasiadamente rápida ou lenta, uma contração ou uma dilatação dos vasos sangüíneos, uma hiper ou uma hipossecreção das glândulas, constipação ou diarréia, poliúria ou anúria, um comportamento de imobilização ou uma exteriorização violenta. Nos casos-limite, a inibição irá até uma pseudoparalisia diante do perigo (estados catalépticos) e a exteriorização resultará numa tempestade de movimentos desatinados e inadaptados, característicos do pânico (Delpierre, 1974, apud Delumeau, 1989:23).
Constata-se, portanto, que o medo é uma emoção básica, não só no sujeito, mas em diferentes formas de vida, aproximando-se de uma reação biológica comum. Esse fato aproxima o medo humano do medo animal, o medo tomado como mecanismo fisiológico.
Para Delumeau (1989), porém, o medo se torna mais complexo quando trata da esfera humana. O autor cita Caillois (1961) ao referir-se ao medo no animal, que, segundo ele: é único, idêntico a si mesmo, imutável: o de ser devorado, enquanto nos seres humanos os medos são múltiplos por serem fruto da sua imaginação e, portanto, passíveis de descrições históricas porque sofrem variações (Caillois, 1961 apud Delumeau, 1989:19). Delumeau, dessa forma se refere especificamente a um medo humano, mais complexo e diferenciado do que o medo animal.
O uso contínuo da mesma palavra poderia veicular um sentido de medo universal, presente e imutável em diferentes formas de vida. Autores como Delumeau fazem com que se perceba, porém, a variação que o sentido do termo adquire ao longo da história: não apenas ocorre uma mudança das formas pelas quais o medo se apresenta, como também a própria concepção de medo sofre modificações.
Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932003000200008
Com base nas informações dos textos e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-argumentativo, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
O medo na contemporaneidade – Temos medo de sair de casa, de não ser aceito, de não ser aprovado, de ser aprovado, de ficar em casa. Estamos sempre com medo. Vivemos a era do medo. Como superar esse estado que se mostra uma condição atual?