Basta ser honesto para ser representante público?
Proposta de Redação UEG: 2018
O homem é um animal político, diz Aristóteles em um de seus tratados, com a intenção de acentuar que é na coletividade, na comunidade estruturada por leis de convívio que ele (o homem) garante a sua sobrevivência. Assim, para assegurar um bom funcionamento, as sociedades escolhem entre seus membros pessoas com requisitos específicos para representá-las, sobretudo a honestidade. A esse respeito, leia a coletânea a seguir.
Texto 1
A constante preocupação com a ética na Administração Pública e com o combate à corrupção perpetrou a inserção, na Constituição Federal, do princípio da moralidade administrativa, o qual impõe ao funcionário público o dever de servir à administração com honestidade, procedendo ao exercício de suas funções sem aproveitar pessoalmente os poderes ou facilidades delas decorrentes, ou de outrem a quem queira favorecer. Neste caso, o bom administrador é aquele vinculado às pautas da boa administração, as quais extrapolam o determinável por meio da legislação. Ou seja, para ser um bom administrador não basta cumprir a lei, deve-se adotar condutas eticamente exigíveis pelo bom senso e pelos bons costumes. A boa gestão exige tanto a satisfação do interesse público, como a observância de todo o balizamento jurídico regulador da atividade que tende a efetivá-lo. A improbidade é uma categoria analítica da má gestão pública. Mas é importante destacar que “improbidade” e “má gestão pública” são conceitos próximos, porém distintos, na medida em que nem toda má gestão pública será expressão da improbidade, ainda que o inverso seja verdadeiro. A corrupção não é a única forma de má gestão pública, pois existem outras figuras jurídicas dignas de relevância e funcionalmente muito eficazes, como a desonestidade funcional dos homens públicos. Uma das facetas da má gestão pública é, sem lugar a dúvidas, a desonestidade funcional dos homens públicos. Essa é uma das piores facetas da má gestão pública, pode dizerse. Ao menos, trata-se, seguramente, da faceta mais notória, antiga e evidente da má gestão pública, conectada à degradação moral de agentes do Estado.
PINHO, Maura Dias Ferreira de. Dano moral difuso na improbidade administrativa. Disponível em: <http: //www.conteudojuridico.com.br/print.php?content=2.56679>. Acesso em: 15 mar. 2018. (Adaptado).
Texto 2
A honestidade é uma das virtudes mais importantes: na família, no trabalho e na sociedade. Na política, então, assume especial relevância. Um político deve ser capaz de dizer ao que vem (dizer o que pensa) e fazer o que diz: eis o que necessitamos! Pode-se pensar na importância da competência técnica, da inteligência, da inovação e da criatividade. Mas, entre nós, o que mais está em falta é mesmo a honestidade. Todo o resto são benefícios que se podem construir por cima de ações e pensamentos honestos. Quando se tem responsabilidades políticas, públicas ou coletivas, a questão da honestidade impõe-se com maior acuidade, uma vez que a sua presença ou ausência vão ter consequências alargadas sobre um vasto número de pessoas. Não só o que fazemos afeta diretamente muita gente como o nosso exemplo tem peso – a atitude de um governante tem que ser exemplar porque é um modelo de ação. E note-se que a honestidade é transversal: não basta haver coerência entre o que se diz e o que se pratica, o que se diz tem já que ser coerente com a verdade. Bem sei que clamar por honestidade na política é o grau zero desta atividade, mas é o ponto em que estamos, é por aí que precisamos começar. Num país como o nosso, em que a percepção e a realidade da corrupção atingem patamares alarmantes, seria, de fato, um progresso enorme, conseguir que todos os gestores com poder tomassem atitudes honestas. Depois, então, viriam as escolhas ideológicas, ou seja, começaríamos, realmente, com a política.
MOTA, Gabriel Leite. A importância de ser honesto. . Disponível em: <http: //p3.publico.pt/actualidade/politica/8824/importancia-de-ser-honesto>. Acesso em: 15 mar. 2018. (Adaptado).
Texto 3
Honestidade, de maneira explícita, é a obediência incondicional às regras morais existentes. Existem alguns procedimentos para alguns tipos de ações, que servem como guia, como referência para as decisões. Exercer a honestidade em caráter amplo é muito difícil, porque existem as convenções sociais que nem sempre espelham a realidade, mas como estão formalizadas e enraizadas são tidas como certas. Para muitos, a pessoa honesta é aquela que não mente, não furta, não rouba, vive uma vida honesta para ter alegria, paz, respeito dos outros e boas amizades. Atualmente, o conceito de honestidade está meio deturpado, uma vez que os indivíduos que agem corretamente são chamados de "caretas", ou são humilhados por outros.
KLOSTER, Luiz Carlos. Honestidade e desonestidade na política. Disponível em: <http: //mobile.radionajua.com.br/noticia/noticias/opiniao/honestidade-edesonestidade-na-politica/13501 />. Acesso em: 15 mar. 2018.
Texto 4
Disponível em: <https: //vasosdopurus.wordpress.com/2017/01/29/charge-da-semana-3 />. Acesso em: 15 mar. 2018.
Texto 5
É comum nos depararmos com comentários críticos sobre o modo como os administradores públicos administram as instituições e sobre os problemas advindos do mau gerenciamento de quem “tá lá”: aqueles que dão rumo e “carimbam” a qualidade de vida dos habitantes deste país, decidindo sobre a educação, a saúde, a previdência, a cultura, enfim, decidindo sobre nossas vidas. Entretanto, quase não se comenta sobre o porquê das falhas, como surgiram os problemas e principalmente como resolvê-los. Dessa forma, assumimos uma posição de analisador, quando deveríamos assumir a de participante da gestão. Essa realidade nos torna, de certa forma, culpados pelo tortuoso rumo que dão às nossas vidas no que se refere à administração pública. Façamos uma pergunta: se administrar fosse como resolver uma equação, então qual seria o “X” da questão? Diríamos que o “X” da questão é a “escolha”. Geralmente não atentamos para a significância das nossas escolhas, e isso se estende a não atentarmos também para as escolhas feitas pelos governantes de nosso país. Então, se a escolha é tão importante, escolher o quê? A grande escolha, obviamente, seria optar pela coisa certa. Escolher a coisa certa em administração (especialmente a pública), a princípio, significa escolher equipe (a melhor), escolher ética, escolher competência, escolher compromisso, escolher honestidade, escolher legalidade etc. Por conseguinte, escolher planejar, organizar, dirigir e controlar, alcançando a maior eficácia possível, fazendo o melhor uso dos recursos, dos bens e serviços públicos.
O PROBLEMA da administração pública. Disponível em: <http: //www.administradores.com.br/artigos/carreira/o-problema-da-administracao-publica/50786 />. Acesso em: 13 mar. 2018. (Adaptado).
Texto 6
Os moradores de Campo Mourão, no norte do Paraná, comemoraram recentemente uma data histórica. Há 50 anos, o então prefeito da cidade, Milton Luiz Pereira, recebeu um carro de presente. O agrado foi concedido ao político pelos próprios moradores, em reconhecimento pelos bons serviços prestados à frente da administração municipal. O político, em 1963, candidatou-se ao cargo de prefeito e foi eleito. Nos anos em que ficou à frente da prefeitura, mandou abrir estradas, construiu biblioteca, rede de esgoto e deixou as contas do município em dia. A gestão foi considerada inovadora para a época. Porém, antes do fim do mandato, ele renunciou ao cargo, para assumir uma vaga de juiz federal. Foi quando os moradores fizeram uma vaquinha e decidiram presenteá-lo com um Fusca. A escolha não foi à toa. Pereira tinha vendido o carro da família para pagar contas e andava a pé pela cidade.
CIDADE do Paraná comemora data em que ex-prefeito recebeu carro de presente. Disponível em: <https: //g1.globo.com/pr/norte-noroeste/noticia/cidade-doparana-comemora-data-em-que-ex-prefeito-recebeu-carro-de-presente.ghtm>. Acesso em: 13 mar. 2018. (Adaptado).
Com base na leitura da coletânea, escolha UMA das três propostas de construção textual (dissertação, narração ou carta argumentativa) apresentadas a seguir e discuta a questão-tema abaixo:
Basta ser honesto para ser representante público?
DISSERTAÇÃO
O artigo de opinião é um gênero textual no qual são apresentados argumentos para convencer os leitores a respeito da validade de um ponto de vista sobre determinado assunto.
De posse dessa orientação, amparando-se na leitura dos textos da coletânea e ainda em sua visão de mundo, imagine-se na função de articulista, de uma revista ou de um jornal de circulação nacional, e escreva um artigo de opinião posicionando-se acerca da questão-tema desta prova.
NARRAÇÃO
O gênero crônica, em sentido atual, é uma narrativa que se caracteriza por basear-se em considerações do cronista acerca de fatos correntes e marcantes do cotidiano. Em torno desses fatos, o autor manifesta uma visão subjetiva, pessoal e crítica.
Tendo em vista essa definição de crônica, crie uma narrativa a partir da seguinte situação: você estuda em uma universidade pública e foi eleito como representante de uma entidade estudantil, mas não tem nenhuma experiência como gestor. Acontece que chegou a suas mãos uma verba para ser aplicada na reforma dos espaços destinados aos estudantes na universidade. Como tal recurso é de conhecimento público, um grupo de alunos veio lhe pressionar para que a verba fosse aplicada em uma festa de formatura, na calourada e na produção de um boletim estudantil. Conte quais foram os critérios usados, as atitudes e ações empreendidas por você ao lidar com a verba e com as solicitações do grupo. Não deixe de transmitir suas possíveis reflexões e impressões sobre a situação criada, obviamente, relacionando-a com o tema desta prova. Sua narração, portanto, deverá ser em primeira pessoa.
CARTA ARGUMENTATIVA
A carta de leitor é um gênero textual, comumente argumentativo, que circula em jornais e revistas. Seu objetivo é emitir um parecer de leitor sobre matérias e opiniões diversas publicadas nesses meios de comunicação.
Considerando a definição desse gênero textual, a leitura da coletânea e, ainda, suas experiências pessoais, escreva uma carta de leitor a um jornal ou revista de circulação nacional, emitindo seu ponto de vista − contrário, favorável ou outro que transcenda esses posicionamentos − a respeito da discussão exposta no Texto 3 da coletânea.
OBSERVAÇÃO: Ao concluir sua carta, NÃO a assine; subscreva-a com a expressão UM (A) LEITOR (A).
A civilização contemporânea e o terrorismo |
Entrada de imigrantes no Brasil |
O Conceito de Poder de Polícia |
O papel da Polícia Federal no aprimoramento da democracia brasileira |
Violência |
Relacionado
Redação: Famerp
Redação: Famema
Redação: FATEC
Redações ITA
2021: Que liberdade nos resta no século XXI? |
2020: Em que medida o conhecimento tecno-científico segue princípios éticomorais? |
2019: O incêndio no Museu Nacional |
Esa: Propostas de Redação
Esa: Propostas de Redação - (Inéditas)
Redação AFA
Redação: Mackenzie
Redação: Unifesp
Redação: Santa Casa
2021: Fornecimento de medicamentos de alto custo pelo Estado: |
2020: Legado da escravidão no Brasil |
2019: Reconhecimento facial: |
2018: Os desafios do jornalismo na era da pós-verdade |
Redação: Alberte Instein
UFSC
Relacionado
Redação Acafe
Redação: Unioeste
Redação: UEPG
Redações Passadas da UEPG |
2021: A importância e os desafios da divulgação social do conhecimento científico após a pandemia de covid-19 |
Redação: UEL
Como Funciona a Redação da UEL? |
2020: As causas e consequências da desigualdade social no Brasil |
2020: Eu vi meu reflexo nas lentes de seus óculos de sol e não me reconheci |
2020: O ensino domicilia |