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O impacto da escravidão sobre o trabalho doméstico no Brasil atual

Proposta de Redação Redação Alberte Einstein: 2021

Texto 1

Texto 2

Se organizasse um encontro de todos os seus trabalhadores domésticos, o Brasil reuniria uma população maior que a da Dinamarca, composta majoritariamente por mulheres negras, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT). O professor e pesquisador David Evan Harris lembra que “o Brasil foi um dos últimos países do mundo a acabar com a escravidão. Se olharmos para quem são as empregadas, veremos que elas tendem a ser negras”, diz o acadêmico, formado pela Universidade da Califórnia em Berkeley, nos EUA, e mestre pela USP.

Segundo a historiadora e escritora Marília Bueno de Araújo Ariza, mesmo após a abolição, em 1888, mulheres e homens negros continuaram sendo servos ou escravizados de maneira informal, o que também deixou seu legado no mercado de trabalho. A ideia de ter um servo na família era muito comum, mesmo entre quem não era rico e vivia nas regiões semiurbanas do século XIX: “a escravidão brasileira foi diversa, mas foi sobretudo uma escravidão de pequena posse. No Brasil, todo mundo possuía negros escravizados. Quando as pessoas tinham dinheiro, elas os compravam com muita frequência”. Em São Paulo, por exemplo, muitas famílias - mesmo as relativamente pobres, muitas delas chefiadas por mulheres brancas – “tinham uma ou duas negras escravizadas para realizar afazeres na casa ou na rua”, diz Ariza.

(Marina Wentzel. “O que faz o Brasil ter a maior população de domésticas do mundo”. www.bbc.com, 26.02.2018. Adaptado.)

Texto 3

Uma pesquisa sobre emprego doméstico divulgada pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) mostrou que, em 2016, 80% dos trabalhadores domésticos do DF eram mulheres negras. Os dados ainda mostram que, em 2018, 75 mil mulheres trabalhavam como empregadas domésticas ou diaristas, representando 5,8% do total de pessoas empregadas do DF no período. Segundo a pesquisadora de políticas públicas em história e educação das relações raciais e gênero Marta Santos Lobo, a principal preocupação é com o controle para que este trabalho saia da informalidade. “Já existem sindicatos e órgãos que possam fiscalizar a situação de trabalho dessas mulheres. Isso tem sido feito e tem que continuar, há agências internacionais e brasileiras que falam desse conceito como trabalho doméstico decente, que seria o respeito dos direitos trabalhistas também nesta categoria.” Os números mostraram que houve um pequeno aumento de trabalhadoras com carteira assinada entre 2012 e 2016.

“No Brasil esse aspecto é cultural. Temos características de um país colonial que ainda tem a dependência de outras pessoas trabalharem para a família, no sentido servil. O grande problema é que na servidão não há direitos”. A professora contou que teve tias e a avó que foram empregadas e nunca receberam contribuição ou pagamento para a aposentadoria. Em 2012, a média salarial de uma empregada doméstica era de R$ 7,91 por hora, em 2016 esse valor subiu para R$ 9,24. (Graziele Frederico. “Pesquisa mostra que 80% dos trabalhadores domésticos do DF são mulheres negras”.

https://g1.globo.com, 21.04.2017. Adaptado.)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: O impacto da escravidão sobre o trabalho doméstico no Brasil atual


Redação: UEG