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A Realidade da Vida Nas Favelas e a Maneira Como São Apresentadas Atualmente Para o Mundo

Proposta de Redação AFA: 2016

Com base nos textos lidos e analisados, contidos na prova de Língua Portuguesa, e na coletânea que segue abaixo, escreva um texto dissertativo-argumentativo, em prosa, sobre:

A realidade da vida nas favelas e a maneira como são apresentadas atualmente para o mundo

Texto 1

DUAS VEZES FAVELA

Marginalizados pela exclusão social e idealizados no cinema e na música popular, morros do Rio vivem entre catástrofe e descaso do poder público

Boris Faust

A imensa tragédia nos morros do Rio de Janeiro relembra o quanto as favelas cariocas fazem parte do imaginário dos brasileiros. Começando pela sua origem e por sua designação, elas têm uma história peculiar e centenária. Embora haja controvérsias a respeito, parecem ter surgido, por volta de 1897, como local de moradia, oferecido pelo governo aos soldados que regressavam da campanha de Canudos [na Bahia]. Não por acaso, a designação "favela" foi dada por esses soldados que, nas proximidades do arraial de Canudos, acamparam num morro, chamado de morro da Favela, em referência a um arbusto resistente, muito conhecido nas zonas secas do Nordeste. (...) Com uma distância de 50 anos, o editorial da revista "Anhembi", de responsabilidade do escritor e jornalista Paulo Duarte, fala da vitória de Getúlio Vargas nas eleições presidenciais de 3 de outubro de 1950, vinculando-a, no Rio de Janeiro, ao "meio milhão de miseráveis, analfabetos, mendigos famintos e andrajosos, espíritos recalcados e justamente ressentidos, indivíduos tornados pelo abandono homens boçais, maus e vingativos, que desceram os morros embalados pela cantiga da demagogia (...)".

Idealização do morro

O reverso da demonização da favela veio pela mão do cinema e principalmente da música popular. No caso do cinema, uma referência lendária é o filme "Favela dos Meus Amores", de 1935, do qual, se não estou enganado, não sobrou uma só cópia. Dirigido por Humberto Mauro, com a colaboração de Henrique Pongetti, sua trilha musical era feita de canções e sambas de Ary Barroso, Custódio Mesquita e Orestes Barbosa, entre outros.

Milhares de sambas tematizaram a favela, em fases que têm a ver com a história do país, onde predominam ora a idealização romântica (as cabrochas, os barracos sem trinco, a proximidade do céu), ora a violência (dos marginais ou da polícia), ora o protesto contra as injustiças sociais. Isso foi muito bem mostrado por Jane Souto de Oliveira e Maria Hortense Marcier num ensaio intitulado "A Palavra É Favela", que se encontra no livro já citado de Zaluar e Alvito.

Curiosamente, Noel Rosa [1910-37], um dos grandes da música popular brasileira, tematizou quase todos esses aspectos, inclusive na célebre polêmica com Wilson Batista, respectivamente na defesa e na condenação do malandro.

Nos versos da música popular, encontramos às vezes um apelo para que a cidade enfrente o problema da favela e da habitação popular. É o caso de "Barracão", a célebre canção de Luiz Antonio e Oldemar Magalhães, que não eram compositores do morro, mas sabiam o que diziam: "Ai, barracão/ Pendurado no morro/ Vai pedindo socorro/ À cidade a seus pés".

Bela inversão, em que uma cidade, geograficamente submetida, tem, no entanto, socialmente, uma posição dominante com relação aos habitantes lá do alto. Até que ponto o pedido de socorro, diante da catástrofe atual, será ouvido?

Até que ponto o problema será enfrentado com um misto de humanidade e competência técnica, à margem da falsa dualidade "remoção ou urbanização", que percorre a história das favelas, como se todas as situações - na realidade, muito diversas - fossem idênticas?

A folha corrida do poder público, onde consta o crime do esquecimento de tantas e tantas tragédias, não me permite ser otimista. Mas quem sabe – assim espero – eu esteja completamente enganado.

(www1.folha.uol.com.br/paywall/login.shtml?http://www1.folha.uol.com.Br/fsp/mais/fs1804201009.htm – acesso em 20/05/2015)

Texto 2

A Defensoria Pública em parceira com o “Polos de Cidadania” – programa de extensão da Faculdade de Direito da UFMG – promoveu, no dia 07 de novembro, a Roda de Conversa para debater sobre o tema Favela. O evento contou com a presença de defensores públicos, estudantes e moradores destas comunidades. (...)

Outro tema abordado foi o estereótipo criado acerca da favela e dos seus moradores: a idealização, a visão romântica de que são pessoas alegres e unidas, que amam e se orgulham do lugar em que vivem, mesmo passando por muitas dificuldades. De acordo com eles, essa ideia, consumida massivamente pela sociedade principalmente por meio das novelas de televisão, acaba por gerar uma cristalização da posição social destas pessoas, pois, se tão contentes estão com a própria vida, não faz sentido quererem ascender socialmente ou usufruir os mesmos direitos que moradores de outras áreas das cidades.

“A Roda de Conversa foi realizada na data em que se comemora o dia estadual da Favela – disse a defensora pública Cleide Nepomuceno – o que nos faz questionar se há algo a ser comemorado, pois, se de um lado está a iniciativa, organização e coragem dos moradores em construir o seu próprio espaço em contraponto à inércia do Estado e a marginalização imposta pela sociedade, por outro lado existe uma gama de problemas a serem enfrentados”. (...)

De acordo com a coordenação, quando se pretende lidar com uma determinada realidade, há que se respeitá-la em sua autonomia e peculiaridade, ouvindo sua voz e sua história. “Trabalhar em uma favela, exige, antes de tudo, o reconhecimento daquele local e daquelas pessoas enquanto iguais e dotadas de vivências por nós desconhecidas, que demandam respeito e cuidado. A oportunidade de ter um diálogo horizontal com pessoas que vivenciam cotidianamente a luta pela moradia digna, a luta contra o racismo, contra a marginalização e criminalização da pobreza, dentre outras muitas, é uma forma também de combater os perniciosos estereótipos que são criados acerca do ambiente da favela e seus moradores”.

(www.anadep.org.br/wtk/pagina/materia?id=21282 - acesso em 20/05/2015)

Atenção:

• Considere os textos anteriores como motivadores e fonte de dados. Não os copie, sob pena de ter a redação zerada.

• A redação deverá conter no mínimo 100 (cem) palavras, considerando-se palavras todas aquelas pertencentes às classes gramaticais da Língua Portuguesa.

• Recomenda-se que a redação seja escrita em letra cursiva legível. Caso seja utilizada letra de forma (caixa alta), as letras maiúsculas deverão receber o devido realce.

• Utilize caneta de tinta preta ou azul.

• Dê um título à redação.


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