No seio da sociedade há o bem e o mal: os dois sentimentos são próprios da natureza humana ou a natureza humana é formada por apenas um deles e influenciada pelo outro?
Proposta de Redação UEG: 2015
Nos dias de hoje, é impossível não notar a profusão de fatos e atitudes humanas que não raro colocam as pessoas diante da dicotomia bem e mal. Assim, surgem várias polêmicas sobre o que vem a ser realmente a natureza humana. A esse respeito, leia a coletânea a seguir.
Texto 1
O homem é naturalmente bom, creio havê-lo demonstrado. Que será, pois, que o pode ter depravado a esse ponto, senão as mudanças sobrevindas na sua constituição, os progressos que fez e os conhecimentos que adquiriu? Que se admire quanto se queira a sociedade humana, não será menos verdade que ela conduz necessariamente os homens a se odiar entre si à proporção do crescimento dos seus interesses, a se retribuir mutuamente serviços aparentes, e a se fazer efetivamente todos os males imagináveis. Que se pode pensar de um comércio em que a razão de cada particular lhe dita máximas diretamente contrárias àquelas que a razão pública prega ao corpo da sociedade, e em que cada um tira os seus lucros da desgraça do outro? Não há, talvez, um homem abastado ao qual os seus herdeiros ávidos, e muitas vezes seus próprios filhos, não desejem a morte, secretamente. Não há um navio no mar cujo naufrágio não constituísse uma boa notícia para algum negociante; uma só casa que um devedor de má-fé não quisesse ver queimada com todos os documentos; um só povo que não se regozijasse com os desastres dos vizinhos. É assim que tiramos vantagens do prejuízo dos nossos semelhantes, e que a perda de um faz quase sempre a prosperidade do outro.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem da desigualdade. Disponível em: <http: //www.jahr.org>. Acesso em: 03 set. 2014.
Texto 2
O massacre de uma inocente mãe de família, por enfurecida turba de linchadores, no bairro pobre de Morrinhos, no Guarujá (SP), causa espanto e horror. É que, mesmo não sendo uma novidade, apresenta traços novos em relação ao já conhecido: uma inocente que é religiosa, duas filhas, benquista pelos vizinhos, adoentada, pacífica. A típica mãe do Dia das Mães. Seu linchamento é como se esta sociedade linchasse um de seus símbolos fundamentais. Em se tratando de pessoa inocente, esse linchamento incomoda os que acham que essa prática é um instrumento legítimo de justiça popular, que pune os antissociais, os que supostamente merecem ser castigados com violência. Nesse caso, é bom que saibam que eles próprios podem ser alcançados pela ira da multidão, da justiça sem juiz e sem tribunal de apelação.
SOUZA, José Martins de. Seres sem rumo. Disponível em:<http: //www.estadao.com.br/noticias/geral,seres-sem-rumo,1164950>. Acesso em: 10 set. 2014. (Adaptado)
Texto 3
Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele ou por sua origem, ou sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender. E se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar, pois o amor chega mais naturalmente ao coração humano do que o seu oposto. A bondade humana é uma chama que pode ser oculta, jamais extinta.
Mandela, Nelson. As palavras de Nelson Mandela. São Paulo: Objetiva, 2012.
Texto 4
O assunto de hoje pode até soar repetitivo, considerando a avalanche de más notícias e dos perigos que nos rondam diariamente, contudo, me chocou profundamente pela forma como aconteceu. De repente percebo que não só os bandidos inspiram cuidados, estamos nos tornando perigosos uns aos outros também. Vejam só o caso da Senhora Juliana Cravo, de 29 anos, que saiu de casa com sua mãe com o objetivo de comprar um computador num shopping da Zona Norte de São Paulo. Tudo ia bem, até Juliana ser acertada no rosto por uma cusparada de uma criança, que irresponsavelmente e à revelia de seus responsáveis, brincava de cuspir as pessoas do alto de uma escada rolante. O que ela fez, então? Aquilo que qualquer um de nós faria, acredito eu... procurou os tais responsáveis pelo menor, nesse caso uma tia, e reclamou, pedindo providências para que isso não se repetisse com outras pessoas... Resultado: Juliana fora seguida e espancada do lado de fora do shopping por um grupo de selvagens, entre eles, e como líder do bando, a tia do menor, que, muito ofendida com a reclamação, resolveu tomar as providências que julgou mais adequadas. Em decorrência dos socos, murros e pontapés, a vítima teve um derrame cerebral e morreu quatro dias depois. O circuito interno de TV do estabelecimento registrou algumas cenas dos acusados e as imagens serão usadas como prova para a acusação. Para família, além da revolta, só resta agora cobrar das autoridades providências e que os agressores paguem pelo crime bárbaro cometido.
DIAS difíceis: o bem vence o mal? Disponível em:<http: //dapoesiaaocaos.blogspot.com.br/22010/07/dias-dificeis-o-bem-vence-o-mal.html>. Acesso em: 10 set. 2014. (Adaptado).
Texto 5
Contrastando com as outras muitas notícias de fraudes, roubos, violências e corrupções, uma cena inusitada: um casal de “sem-teto” encontra uma mala com R$ 20.000,00 imediatamente procura uma delegacia para devolver o dinheiro. Ainda existem pessoas honestas que não foram corrompidas pela sedução do dinheiro fácil e imposição consumista. Os policiais encontraram os donos da bolsa valiosa e devolveram o dinheiro, em seguida promoveram o encontro entre eles para um desfecho apropriado. O proprietário do restaurante roubado, num gesto de reconhecimento da ação de honestidade irrepreensível, ofereceu ao casal emprego na empresa.
UM ato de honestidade. Disponível em: <http: //www.jmonline.com.br/novo/?noticias,22,ARTICULISTAS,65081>. Acesso em: 25 set. 2014. (Adaptado).
Texto 6
Por liberdade entende-se, conforme a significação própria da palavra, a ausência de impedimentos externos, impedimentos que muitas vezes tiram parte do poder que cada um tem de fazer o que quer, mas não podem obstar a que use o poder que lhe resta, conforme o que seu julgamento e razão lhe ditarem. Uma lei de natureza é um preceito ou regra geral, estabelecido pela razão, mediante o qual se proíbe a um homem fazer tudo o que possa destruir sua vida ou privá-lo dos meios necessários para preservá-la, ou omitir aquilo que pense poder contribuir melhor para preservá-la. E dado que a condição do homem é uma condição de guerra de todos contra todos, sendo neste caso cada um governado por sua própria razão, e não havendo nada de que possa lançar mão, que não possa servir-lhe de ajuda para a preservação de sua vida contra seus inimigos, segue-se daqui que numa tal condição todo homem tem direito a todas as coisas, incluindo os corpos dos outros. Portanto, enquanto perdurar este direito de cada homem a todas as coisas, não poderá haver para nenhum homem (por mais forte e sábio que seja) a segurança de viver todo o tempo que geralmente a natureza permite aos homens viver.
HOBBES, Thomas. Leviatan. Disponível em: <http: //www.dhnet.org.br/direitos/anthist/marcos/hdh_thomas_hobbes_leviatan.pdf>. Acesso em: 10 de set.2014. (Adaptado).
Texto 7
Arrependido, o servente Adeílton Domingues Faria, de 24 anos, procurou a Delegacia de Polícia de Sorocaba, quinta-feira e pediu para ser preso. Ele havia matado, em 2001, um adolescente de 14 anos e não fora responsabilizado pelo crime. Depois de quase três anos, alegou que não aguentava mais o remorso. O assassinato, ocorrido na zona norte da cidade, figurava na relação de crimes não esclarecidos pela polícia. Faria contou aos incrédulos policiais que tinha sido ele o autor e, durante todo o tempo, tinha lutado contra a sua consciência que reclamava a confissão. Ele justificou ter se esquivado de assumir o crime porque agiu em legítima defesa. Faria disse que tinha sido jurado de morte pela vítima. O servente, que tem dois filhos, disse que espera agora viver em paz. Sua intenção é provar à Justiça que agiu em defesa própria.
ASSASSINO arrependido confessa crime três anos depois. Disponível em:<http: //brasil.estadao.com.br/noticias/geral,assassino-arrependido-confessa-crime-tres-anos-depois,20040402p12387>. Acesso em: 10 set. 2014.
Com base na leitura da coletânea, escolha UMA das três propostas de construção textual (dissertação, narração ou carta argumentativa) apresentadas a seguir e discuta a questão-tema abaixo:
No seio da sociedade há o bem e o mal: os dois sentimentos são próprios da natureza humana ou a natureza humana é formada por apenas um deles e influenciada pelo outro?
DISSERTAÇÃO
O artigo de opinião é um gênero textual no qual são apresentados argumentos para convencer os leitores a respeito da validade de um ponto de vista sobre determinado assunto.
De posse dessa orientação, amparando-se na leitura dos textos da coletânea e ainda em sua visão de mundo, imagine-se na função de articulista, de uma revista ou de um jornal de circulação nacional, e escreva um artigo de opinião posicionando-se acerca da questão-tema desta prova.
NARRAÇÃO
O gênero crônica, em sentido atual, é uma narrativa que se caracteriza por basear-se em considerações do cronista acerca de fatos correntes e marcantes do cotidiano. Em torno desses fatos, o autor manifesta uma visão subjetiva, pessoal e crítica.
Tendo em vista essa definição de crônica, crie uma narrativa a partir da seguinte situação: você testemunhou um vizinho praticando um assalto a uma senhora idosa no centro da cidade. Ocorre que o assaltante lhe reconheceu. Conte, em um texto em prosa, qual foi a sua reação frente ao ato criminoso, tendo em vista toda discussão levantada nos textos da coletânea. Não deixe de transmitir suas possíveis reflexões e impressões sobre o fato criado, obviamente, relacionando-o com o tema desta prova. Sua narração, portanto, deverá ser em primeira pessoa.
CARTA ARGUMENTATIVA
A carta de leitor é um gênero textual, comumente argumentativo, que circula em jornais e revistas. Seu objetivo é emitir um parecer de leitor sobre matérias e opiniões diversas publicadas nesses meios de comunicação.
Considerando a definição desse gênero textual, a leitura da coletânea e, ainda, suas experiências pessoais, escreva uma carta de leitor a um jornal ou revista de circulação nacional, emitindo seu ponto de vista -contrário, favorável ou outro que transcenda esses posicionamentos - a respeito da situação inusitada exposta no Texto 7 da coletânea.
OBSERVAÇÃO: Ao concluir sua carta, NÃO a assine; subscreva-a com a expressão UM(A) LEITOR(A).
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