Quais São as Consequências Para a Democracia Quando a Ciência é Descredibilizada Na Sociedade?
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema "Quais São as Consequências Para a Democracia Quando a Ciência é Descredibilizada Na Sociedade?", apresentando proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
TEXTO I
O evento de jovens cientistas “Ciência na América Latina: hoje e amanhã” promovido na ABC contou com um painel sobre comunicação científica, realizado na tarde de 28/11, com quatro participantes: os cientistas Yurij Castelfranchi, sociólogo e Stevens Rehen, biólogo, e os jornalistas Herton Escobar e Ana Carolina Leonardi.
Sua apresentação começou questionando as afirmativas recorrentes que costumam ser usadas para representar a ciência e os cientistas. Seriam um farol na tempestade? Uma vela na escuridão? Ou será que a autoridade cultural da ciência é elástica, instável e insegura?
Castelfranchi alertou: vivemos em tempos perigosos. Os maiores problemas que ameaçam as democracias e a coesão social, segundo ele, vêm das teorias conspiratórias e dos fortes conflitos morais e políticos que afetam as evidências científicas e as decisões políticas baseadas em argumentos racionais.
Ele ressaltou que o “público”, “população” ou “sociedade” não devem ser tratados como pacientes, portadores de alguma deficiência cognitiva, e sim como agentes dessa nossa história.
Castelfranchi avalia que atualmente é fundamental para os cientistas e instituições de CT&I em todas as áreas e em todos os países entender como a opinião pública funciona em relação a ciência e tecnologia. “Interações ingênuas – ou recusas ingênuas em interagir – dos cientistas com o público ou com a mídia conduz a resultados catastróficos”, alertou. Em tempos de pós-verdade e teorias conspiratórias, as notícias falsas precisam ser combatidas não apenas em nível de comunicação institucional, em sua opinião, nem apenas por uma abordagem “verdade versus mitos”: envolvimento pessoal, ações de extensão e uma divulgação científica com base não apenas na transmissão de informação, mas no engajamento das pessoas e na construção de relações de confiança, são centrais neste processo.
Disponível em: https://www.abc.org.br/2019/12/03/ataques-a-ciencia-sao-ataques-a-democracia/
TEXTO II
A desinformação e o negacionismo científico no Brasil extrapolam o discurso, são propagados por autoridades e órgãos de governo e são custeados por verbas públicas. Além do sistemático boicote às medidas de prevenção contra a Covid-19 preconizadas pela ciência, o governo insistiu num suposto “tratamento precoce” da doença e investiu maciçamente nessa ideia. Um levantamento da BBC News Brasil, feito a partir de fontes públicas, aponta que a União teria gasto, no mínimo, uma quantia em torno R$ 90 milhões com medicamentos cuja eficácia e segurança já haviam sido contestadas por estudo científico publicado em meados de 2020. Ignorada pelas políticas públicas e sofrendo cortes orçamentários vertiginosos, a ciência brasileira enfrenta hoje uma condição agonizante, e o futuro do país depende da reversão desse quadro crítico.
Mesmo antes do surgimento da pandemia, o governo federal exibia um discurso de negação da ciência e dos direitos humanos, fazia declarações imbuídas de preconceitos de gênero e raça, exaltava as práticas de tortura na ditadura. Há um esforço concentrado em legitimar o uso da violência como forma de gestão pública, com ampla defesa das “pautas de costumes” e da pauta neoliberal da economia. “As ditas “pautas dos costumes” naturalizam as desigualdades injustas e as hierarquias entre os que devem gozar de direitos e aqueles aos que esses direitos podem ser negados, aqueles que de acordo a Gustavo Vallejo, se caracterizam por suas cidadanias incompletas”, esclarece Sandra Caponi, professora do Departamento de Sociologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). “Todos esses elementos, que já estavam presentes antes da aparição da pandemia, têm possibilitado a aceitação, fundamentalmente no núcleo firme de apoiadores do governo, de um longo processo de negação dos conhecimentos científicos, tendo como resultado a pior gestão mundial da pandemia de Covid-19, de acordo ao estudo realizado pelo Lowy Institut de Sidney.”
Disponível em: https://www.unicamp.br/unicamp/noticias/2021/04/26/politica-de-desvalorizacao-da-ciencia-tem-custo-que-ultrapassa-o-teto-de-gastos
TEXTO III
Disponível em: https://www.nsctotal.com.br/noticias/charge-do-ze-dassilva-doses-de-fake-news