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Discutir o lugar de privilégio do branco favorece ou não o combate ao racismo no Brasil?

Proposta de Redação UEM: 2020

TEXTO 1

TEXTO 2

Racismo no Brasil: todo mundo sabe que existe, mas ninguém acha que é racista, diz Djamila Ribeiro

Nesta entrevista à BBC News Brasil, Djamila Ribeiro, autora do Pequeno Manual Antirracista, esclarece pontos importantes sobre o racismo no Brasil. Ribeiro é mestre em filosofia política pela Unifesp e uma das vozes mais influentes do movimento pelos direitos das mulheres negras no Brasil.

BBC News Brasil – No Pequeno Manual Antirracista, você aponta que é “impossível não ser racista tendo sido criado dentro de uma sociedade racista. É algo que está em nós e contra o que devemos lutar sempre”. Você poderia explicar por que é tão prejudicial que a gente tente focar a discussão do racismo como algo individual, com frases como “eu não sou racista”? Ribeiro - Esse é o comportamento do brasileiro. Todo mundo sabe que o racismo existe, mas ninguém é racista. Tem uma pesquisa histórica da década de 1990, da Folha de S.Paulo, segundo a qual 90% das pessoas diziam conhecer pessoas racistas e afirmavam que o racismo existia, mas quando perguntavam se elas eram racistas, elas diziam que não. Tem no Brasil uma discussão de achar que o racismo é só uma questão individual, só quando alguém destrata uma pessoa negra ou a discrimina. E falta, na verdade, um entendimento do racismo como sistema de opressão, e aí passa por a gente conhecer nossa história como povo brasileiro. Muitos brasileiros desconhecem que o Brasil foi o último dos países das Américas a abolir a escravidão, o impacto disso na construção da nossa sociedade, os fatos históricos que construíram essas desigualdades, a própria Constituição do Império, de 1824, de que só os cidadãos livres podiam estudar (e quem eram os cidadãos livres em 1824?); a própria lei de terras, de 1850, que, a partir daquele momento, para ter terra, só comprando terra do Estado (e quem podia comprar terra em 1850?); foram várias ações que criaram essas desigualdades em uma sociedade racista.

As pessoas têm dificuldade de entender que, durante três séculos, quase quatro séculos, as pessoas negras foram tratadas como mercadoria e construíram as riquezas desse país sem ter acesso a essas riquezas. E, a partir daí, essas desigualdades foram sendo construídas. Então, se pessoas negras hoje não ocupam espaços de poder, elas partem de um lugar social no qual suas oportunidades são restringidas por causa do racismo.

Assim, às vezes, é esse entendimento que falta às pessoas — e, além disso, de não discutir o lugar social da branquitude, o que desfavorece o combate ao racismo. De chegar em um espaço em um país de maioria negra e só ter pessoas brancas nesse espaço, e isso ser naturalizado, e não ser questionado. Se pessoas brancas estão ocupando esses espaços, será que é por que elas são mais inteligentes e geniais ou por que tiveram condições concretas para estar naqueles espaços?

O grande problema do brasileiro é naturalizar o lugar do privilégio como se ele tivesse sido providencialmente fixado, e não construído à base da opressão de outros grupos, então isso faz que as pessoas achem que basta o indivíduo querer — “é só ele se esforçar” — negando toda essa estrutura que impossibilita condições concretas para que as populações negras tenham mobilidade social, consiga acessar lugar de dignidade e cidadania no Brasil. [...]

(Texto adaptado de https://www,bbc.com/portuguese/brasil-52922015. Publicado 05 de jun.2020. Acesso em 03 set. 2020)

Contexto e comando de produção: O jornal da sua escola publicará, na sua próxima edição, um suplemento especial sobre o racismo no Brasil. Nesse suplemento, que será divulgado para toda a comunidade escolar, sua turma ficou responsável pela seção “A palavra é sua”. Levando em consideração os textos de apoio e sua posição de estudante do Ensino Médio, produza uma RESPOSTA ARGUMENTATIVA à seguinte pergunta: discutir o lugar de privilégio do branco favorece ou não o combate ao racismo no Brasil? Seu texto deverá ter no mínimo 15 e no máximo 22 linhas, e NÃO deve ser assinado.


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